
O que é a sustentabilidade?
Atualizado: 31 de mai. de 2018
HISTÓRIA DO CONCEITO

Do dicionário, sustentabilidade é "Qualidade ou propriedade do que é sustentável, do que é necessário à conservação da vida” (DICIO, 2016), porém, diversos autores preferem a definição do relatório do Relatório Brundtland de 1987 (EDWARDS, 2008; AGOPYAN, 2011; KWOK, 2013), em que se define sustentabilidade como: “A capacidade de uma geração em prover suas necessidades, sem comprometer a das gerações futuras” (BRUNDTLAND 1987, p.16, tradução nossa) . O relatório vai além informando que no quesito desenvolvimento sustentável o conceito impõe limites, baseados na relação tecnológica e social que se tem atualmente com a natureza, além da capacidade da biosfera de absorver os impactos dos efeitos humanos. Por fim o relatório indica e conclui que desenvolvimento sustentável, na verdade, é um processo de mudança, e não um estado fixo e harmonioso; neste processo a exploração de recursos, a orientação tecnológica e institucional, além do investimento de capitais, são tomadas de forma conscientes com as responsabilidades futuras, bem como com as necessidades presentes (BRUNDTLAND, 1987).
A definição supracitada é de 1987 e continua a ser adotadas em livros atuais, porém o conceito de sustentabilidade vem sendo desenvolvido ao longo das últimas décadas. Não se sabe precisamente onde se começou a pensar em sustentabilidade. Alguns autores como Brian Edwards fazem uma revisão profunda sobre as origens da sustentabilidade, mas dão grande ênfases aos relatórios e encontros mundiais do meio ambiente como a cúpula Rio 92 e o Protocolo de Kyoto (EDWARDS, 2008). Outros como Marian Keeler, dão maior atribuição aos movimentos ambientalistas, mesmos aqueles que não tinham o ambientalismo como premissa, mas que indiretamente levavam sua bandeira, como os ritos espirituais da seita Hindu Bishnoi, que se dedicava à proteção do meio ambiente, ou os textos literários e filosóficos de Ralph Emerson e Henry Thoreau, até chegar no movimento ecológico do século XX (KEELER, 2010). Outros como Alison Kwok e Túlio Tibúrcio acreditam que sustentabilidade já é um conceito bem definido para a construção civil, devendo isso em grande parte à disseminação de certificações que credibilizaram e disseminaram a utilização do termo “sustentável" para edificações (KOWK, 2013 ;TIBÚRCIO; SILVA, 2008; TIBÚRCIO; ZANDEMONIGNE 2012).
A pedra angular de toda a divergência em torno do termo sustentabilidade talvez seja a sua constituição genérica, ampla e altamente subjetiva, como já mencionado pelo relatório de Brundtland. Talvez seja por isso que alguns autores preferem usar a denominação “ecológica” ou “verde” em suas publicações, pois enquanto a sustentabilidade é subjetiva e pode variar conforme o período histórico em que se vive, o conceito de Ecologia, ou “Verde” é mais simples, e mais tangível aos projetistas (KWOK, 2013). Ecologia deriva do grego “oikos”+”logos”, com o sentido de “casa"e “estudo" podendo ser interpretado portanto como o “estudo da casa”. O termo foi proposto em 1869 por Ernst Haeckel, sendo portanto de origem recente (ODUM, 1988, p.1). Vitrúvio definiu arquitetura como sendo constituinte de ordenação, disposição, euritmia, comensurabilidade, decoro e distribuição (POLLIO, 2007). Dessa forma podemos entender que a Arquitetura Ecológica nada mais é do que “a ordem das coisas em relação ao estudo da casa”.

De fato, alguns autores acrescentam aos pilares da arquitetura clássica Vitruviana que prezavam pela firmitas, utilitas, venustas, também o conceito de eficiência energética, dessa forma uma arquitetura ecológica, ou arquitetura “eficiente" deve prezar pelos conceitos de solidez, utilidade, beleza e também eficiência energética (LAMBERTS, 2004). Porém, existem autores que preferem olhar a arquitetura ecológica sob o aspecto de uma nova trindade, dessa vez constituída pelo social, ambiental e tecnológico (EDWARDS, 2008; AGOPYAN, 2011). Na verdade o conceito de ecologia pode ser embutido dentro dos pilares de Utilitas forçando o projetista a repensar a utilidade do projeto oferecendo, portando, uma nova reflexão sobre a arquitetura clássica.
Tal reflexão nada mais seria do que a consequência da necessidade humana atual de repensar o seu papel no meio em que habita. Enquanto diversos autores divergem sobre o que é a sustentabilidade, há um consenso quase geral de que o ser humano começou a pensar no seu impacto no ambiente após a Primeira Revolução Industrial (EDWARDS, 2008; KEELER, 2010; AGOPYAN, 2011; KWOK, 2013). Durante a revolução industrial as sociedades passaram por um grande avanço em praticamente todas as áreas do conhecimento. A máquina a vapor foi responsável por melhorar a qualidade de vida, aumentando a expectativa de vida, as tarefas diárias passaram a contar com a eletricidade e o conforto e sociedades no mundo todo passaram a ter uma melhora na produtividade, tanto agrícola quanto urbana (MCDONOUGH, 2013).

Porém, foi justamente esse avanço que trouxe em sua contramão os prejuízos socioambientais. O movimento literário dos romancistas foi o primeiro a indicar os efeitos que esta Revolução causava em sua sociedade, tendo como analogia primordial o monstro do Doutor Frankenstein, que era ao mesmo tempo um produto da ciência moderna e sua vítima (KEELER, 2010); tal qual a sociedade daquela época. Massas de operários eram obrigadas a longas jornadas de trabalho aliadas à baixa remuneração, como exemplo da revolução industrial pode-se citar a cidade de New Lanark, onde operários não podiam reclamar dos salários, dos, horários de trabalho, do barulho ou da sujeira das fábricas. As empresas da cidade possuíam apenas máquinas e administradores, sendo que algumas máquinas eram pessoas (MAXIMIANO, 2012), as fábricas possuíam pouca ou nenhuma iluminação, e